As coisas não acontecem por acaso… excepto este nosso novo blog!

Somos duas colegas ‘de números’ que partilham uma paixão comum: a escrita! Ambas gostamos de escrever e de ‘devorar’ livros como se não houvesse amanhã e, numa conversa que pensávamos ser inconsequente, desafiámo-nos uma à outra para escrever ‘Histórias a Quatro Mãos’…

O que nos propomos fazer é muito simples: vamos escrever histórias, em parceria improvável, testando os limites e a imaginação de cada uma. Cada uma de nós vai ser desafiada pela outra a dar seguimento a uma narrativa, cujo final será sempre um mistério, quer para as autoras, quer para os leitores.

Convidamos os nossos seguidores a irem opinando sobre o que vão lendo e dando sugestões.

Esperamos que seguir este blog seja uma experiência tão interessante quanto certamente será escrever tudo o que aqui irão ler!

terça-feira, 21 de maio de 2013

18 - Entretanto, do outro lado do Atlântico...

Do outro lado do Atlântico, Daniel adaptava-se tranquilamente à sua nova vida! A Cidade Maravilhosa tinha-o acolhido de braços abertos. Ele já tinha estabelecido uma nova rotina e cada dia de trabalho era um profundo prazer. Realmente ter aceitado aquele desafio e agarrado a oportunidade com toda a garra, tinha sido o que melhor poderia ter feito.
O Gabinete de Engenharia e Arquitectura onde trabalhava situava-se bem no centro do Rio de Janeiro. Era uma equipa jovem e muito dinâmica, pelo que tinha criado de imediato uma grande empatia com todos os seus colegas. Já estava no Rio há mais de uma semana! Era inacreditável como tinha passado tão pouco tempo desde que partira de Londres em direcção a uma nova realidade. Parecia ter sido há mais tempo.
- Bom dia! – Daniel cumprimentou os colegas, ao entrar no espaço aberto que partilhavam no escritório. De imediato percebeu alguma movimentação no gabinete do chefe, com a secretária e alguns colegas a entrar e sair, mas sentou-se para dar início a mais um dia de trabalho.
Rodolfo, o seu colega do lado, vagarosamente deslocou a cadeira na direcção de Daniel e sussurrou a Daniel da forma mais discreta possível:
- Só para estares atento… o chefe vai chamar-te hoje. Parece-me que precisa de voluntários para um congresso na próxima semana.
Daniel sorriu. Agradeceu o aviso ao colega, mas de imediato pensou que seria pouco provável o chefe lembrar-se dele, o mais novo membro da equipa, recém-chegado. Foi com alguma surpresa que quase em simultâneo, o seu telefone tocou e que viu no visor do telefone o nome do chefe.
- Bom dia Daniel. – falou o Engenheiro Gustavo, o chefe de Daniel e Director Geral da empresa – Tem uns minutos que me possa dispensar?
- Claro que sim. – respondeu Daniel. – Irei de imediato ter consigo.
Não tardou muito a chegar à sala do seu chefe, alimentando com a sua contribuição a roda-viva de entradas e saídas que se podia ver ali naquela manhã. O Engenheiro Gustavo foi bastante franco e directo, explicando a Daniel que precisava de alguém que fosse a um congresso em Nova Iorque na semana seguinte, uma vez que ele próprio não podia ir pois estava a ultimar os preparativos para o casamento do seu filho e, ao mesmo tempo, havia um projecto a envolver grande parte dos recursos da empresa, cuja data de entrega seria no decorrer da semana seguinte. Daniel compreendeu logo que, tendo acabado de chegar, não tinha condições de recusar, pelo que assentiu de imediato.
- Eu sei que é em cima da hora, Daniel, e sinto-me um pouco constrangido em estar a pedir-lhe a si, que mal chegou e já tem que viajar outra vez. Mas é bom para si! – explicou o seu chefe de uma forma bastante franca – É uma oportunidade de conhecer colegas um pouco de todo o mundo e partilhar a sua experiência! E, claro, caso ainda não conheça a cidade, de visitar Nova Iorque!
- E quando tenho que ir? Quanto tempo durará o congresso? – perguntou Daniel, tentando organizar-se mentalmente para partir na semana seguinte, uma vez que Rodolfo já o tinha avisado.
- Na próxima segunda-feira. Será coisa para a semana inteira. – respondeu o seu chefe, já dando a conversa por terminada, procurando um contacto no seu telemóvel – Tem o fim-de-semana para descansar e para se organizar. Vá ter com a Eva, que ela já tem todas as indicações para marcar o voo e o hotel para si. Obrigada pela sua disponibilidade, Daniel. Fico-lhe muito grato!

quinta-feira, 2 de maio de 2013

17 - Tudo muda...

 Arrebatada pela excitação que crescia galopante, sentiu a razão abandonar o seu corpo. Já não era a sua mente que o comandava. Era a sua pele, que ardia, os seus braços, que o envolviam. Mara pensava lutar consigo mesma para acabar com aquele envolvimento, mas, a cada tentativa, o seu corpo ficava cada vez mais próximo do de John, como areias movediças! Sentia-se comprimir contra a sua secretária, sentia a força de John, o seu desejo descontrolado. Ia desistir de lutar contra esse fervor que a consumia por dentro, deixar-se levar. Mas John interrompeu o beijo profundo que os unia, passou levemente suas mãos desde as ancas de Mara até ao seu rosto fixando os seus olhos, hipnotizando-a. Um arrepio delicioso percorreu-a. Paralisada, Mara sentia a sua razão regressar aos poucos, mas os tremores que percorriam seu corpo não haviam amainado.
Nunca vira John daquela forma, tão física, tão íntima. À medida que a razão ia tomando conta dela novamente, o rubor do seu rosto voltava. Que estavam eles a fazer? Mara não sabia, mas John parecia confiante demais, seguro dos seus actos, certo do seu poder sobre ela. Afastou-se de Mara dirigindo-se calmamente para a porta. Mara permaneceu encostada à sua secretária, com receio de que suas pernas a denunciassem, revelassem a sua fraqueza.
- Suponho que a Sarah já te avisou – disse John como se nada se tivesse passado – Segunda-feira partimos para Nova York. Temos uma reunião para negociar a importação de alguns títulos.
Era uma ordem, não um pedido. Mas John não tinha o direito! Pensou ela. Mara era agora sócia, não sua subalterna. Quem era aquele homem que desaparecia pela porta do seu gabinete e o que fizera ele ao John que ela conhecia? Poderia uma pessoa ter mais do que uma faceta, como nos muitos livros que analisava? Talvez John estivesse fora de si e no dia seguinte tudo mudasse.
Sim, de uma coisa Mara estava certa, depois de ter sentido aos mãos de John cravadas no seu corpo (todo ele), de se ter perdido no seu beijo arrojado, nada mais seria igual. Pelo menos não para ela. Ainda não decidira bem como as coisas tinham mudado, mas também duvidava que a razão e decisões conscientes tivessem algo a ver com a sua situação. Naquele momento, para ela, John pertencia ao mundo do irracional.
Mara pegou novamente nas suas coisas e deixou o escritório. Para já não queria pensar na viagem a Nova York e na irritação que esta agora lhe provocava. Teria um par de dias para esquecer todo o incidente e cingir John apenas ao mundo profissional. Indagava-se se ele faria o mesmo.