Embrenhada na sua própria dor e fulminada pelo aperto que sentia no peito da saudade imensa que já sentia, Mara repassava na sua cabeça a noite anterior – a noite da despedida. Tinha sido a noite em que ela evitara pensar nos últimos 6 meses, desde que Daniel lhe tinha alegremente anunciado que aceitara finalmente aquela proposta de trabalho e que estaria de partida para o Brasil dentro de pouco tempo. Desde esse dia Mara sentira-se posta de parte. Sabia que por muito que sonhasse e que se imaginasse a sobrevoar o Atlântico com ele, a embarcar nessa aventura imensa e a passarem o resto das suas vidas juntos - uma tão desejada continuidade da sua vida como tinha sido desde os seus 6 anos até aí - Mara não se atreveria. Mara não podia. Era uma inevitabilidade.
Desde o dia do anúncio, houve um pacto silencioso entre os dois – nenhum deles iria sofrer por antecipação nem falar do derradeiro momento, aquele em que teriam que se despedir. Mara imaginou várias vezes, principalmente durante as longas noites acordada depois do anúncio, como seria a sua despedida. O que diria a Daniel. Pensou se valeria a pena dizer a Daniel o que sentia. Pensou se ele já não saberia há muito tempo o que ela tinha para lhe dizer. Mas ainda assim ele partira, e a sua despedida deixara um sabor amargo na boca de Mara – na noite anterior haviam sido ditas muitas coisas, mas não aquilo que deveria ter sido dito.
Mara queria esquecer. Mas queria recordar. Ela precisava de se agarrar a qualquer coisa para poder continuar. Sem ele.
Excelente continuação, Su! Algumas ideias que tinha seguiram, sobreviveram, mas não estava à espera de ir "parar" ao Brasil! Ora aqui vamos nós...Desafio aceite!
ResponderEliminarIsto começa com o homem a ir embora?.... Mas afinal o que disseram um ao outro?
ResponderEliminarbjs
A história promete, a mim já me têm "agarrada" á espera de mais e mais.
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